quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Saudades de um tempo que eu não vivi

É muito estranho esse sentimento. Sinto falta de uma época que eu nem pensava em nascer ainda. Saudades da liberdade, criatividade, ousadia, dos gênios, da musica, festivais, protestos e de tudo mais que existiu entre o final dos anos 60 e começo dos anos 70.
Foi praticamente uma década onde tudo mudou, lá por 1965 se pensava de um jeito e já em 1975 de totalmente outro em relação a quase tudo. Mas como esse blog é sobre música, vou tentar me focar quase só nela.
Queria ter nascido em 1951 (ano que meu pai nasceu) na cidade de Liverpool, Londres ou São Francisco. Lá viveria o nascimento do rock e o seu ápice! Poderia ver todas as bandas que hoje me encantam com a magia que foi criada por eles. Também teria a chance de participar disso, se conseguisse me tornar um músico e viver disso, o que era bem mais normal de se querer naquela época.
Com apenas 12 anos ver os Beatles lançarem seu primeiro CD e saber que isso mudaria minha vida, mas já com 15 ouvir o Revolver e começar a pensar tudo de um jeito diferente, aos 18 ir a um evento chamado Woodstock e não lembrar de nada que aconteceu lá nunca! Aos 19 chorar ao saber que os Beatles acabaram, mas já com 20 ir a loucura ao ouvir o Led IV, e também ficar aterrorizado com as mortes de Jimi, Janis e Jim e dizer que também não passaria dos malditos 27! Com 21 ouvir o Close to The Edge e ir para outro mundo e aos 22 levar várias horas pra tentar entender o disco Tales From Topographic Oceans. Aos 24 ficar de cara com a saída do Peter Gabriel do Genesis, mas feliz por ainda existir o Pink Floyd que lançou o Wish You Are Here, aos 27 não acreditar na morte do Keith Moon e com 29 na do John Bonham e ai ver as coisas só piorarem a cada ano.
É... uma pena que as coisas não foram assim. Nasci em 91, o que tinha de bom ainda eu era muito novo pra curtir e também não era nada que se desse pra comparar ao que já tinha acontecido, com os 12 anos, idade que meu pai viu começar os Beatles, eu vi o surgimento do Funk no Brasil.
Hoje vivo num mundo onde poucos dos jovens são como eu, rockeiros, e menos ainda levam a vida dessa maneira. Hoje em dia "Créu" e considerado musica, ser idiota é ser "rockeiro", fazer barulho com os instrumentos e gritar coisas sem sentido e depressivas é chamado de rock e quem tenta fazer algo bom de verdade é ignorado e não consegue seguir em frente. A maioria dos ídolos lá dos anos 60 e 70 já estão velhos, se já não morreram, e não existe esperança das coisas melhorarem, já que a cada ano desde o dia em que o Peter Gabriel saiu do Genesis em 75 as coisas só pioram.
O jeito é ouvir as coisas antigas, procurar desesperadamente as coisas que ainda podem ser boas em lojas alternativas e blogs na internet e aproveitar ao máximo os shows que ainda restam dos que seguem tentando manter o rock vivo.
Começo esse blog então, dessa maneira triste, para relatar exatamente a vida dessa maneira descrita no último parágrafos. Vou contar sobre os shows que vi, os discos que ouço e as notícias que aparecem. Vai servir mais como um arquivo pra eu nunca esquecer que fiz o máximo possível pra aproveitar tudo que o rock ainda pode me oferecer nesse seu último suspiro, pois provavelmente na próxima geração não sobraram mais grandes músicos para contar história, caberá a que os viu repassar o sentimento para os poucos que ainda vão acreditar que o rock and roll nunca vai morrer.

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