Sim, bem diferente... Essa é a melhor definição que encontrei para a tão falada parceria entre o Metallica e Lou Reed. Esperei ansiosamente por esse álbum desde o momento que ele foi anunciado, pois sabia que não iria me decepcionar. Reed é um gênio da música, sempre ousado e inovador, e o Metallica é a melhor banda que ele poderia escolher nos dias de hoje para fazer o que gosta. Causar.
E eles realmente não deixaram a desejar, Lulu é um ótimo disco, que não tem nada a ver com o Metallica e nem com o Lou Reed. É algo novo, que surpreendeu a todos, e muitos o criticam com todas as suas forças. Eu acho errado, se esperavam algo parecido com os últimos lançamentos da melhor banda de metal de todos os tempos, não conhecem o ex vocalista do Velvet Underground. E se esperavam algo tipo "Walk On The Wild Side", não sabem nada sobre o Metallica.
Conceitual, o trabalho conta a história de Lulu, personagem criada pelo ator e dramaturgo alemão Benjamin Franklin Wedekind, uma jovem dona de um desejo sexual infinito e sem restrições, que a conduz através de uma jornada repleta de prazer e sangue. É bem importante entender as letras para poder entender o álbum, pois só o instrumental muitas vezes assusta se não entende do que se trata. Reed havia escrito elas há alguns anos atrás para uma montagem norte-americana da peça, que acabou não saindo. Agora, a história ganhou o acompanhamento do Metallica, o que não poderia ser melhor.
O primeiro cd do álbum que é duplo começa muito bem com Brandenburg Gate. A música tem no seu inicio apenas o vocal de Reed e uma guitarra acústica introduzindo a história de Lulu. Até entrar o peso do Metallica e o backing do James. Uma harmonia perfeita entre eles. Essa é uma das minhas preferidas do disco. Após vem The View, já conhecida por ter sido lançada como single alguns meses atrás. Nela vemos bem mais o estilo do vocal de Reed, sem seguir a melodia da música, mais falado do que cantado. O refrão ter outra vez a participação de James, gritando. Mais um baita som!
Já em Pumping Blood a audição se torna bem mais difícil, é uma levada lenta com vocal corrido. É estranho para os ouvidos acostumados apenas a música pop. Se não acompanha a letra, se torna até chato de ouvir. Uma música bem teatral mesmo, assim como Frustration, já do segundo CD. Mistress Dread traz um instrumental bem no estilo Metallica dos primeiros discos, e um vocal totalmente Lou Reed. É a música onde dá melhor pra ver cada estilo em separado, me agradou bastante, dá até pra bater cabeça!
Ice Honey me lembra bastante alguns discos solos de Reed. É bem mais fácil de ouvir, e tem também boas participações do vocal de James. Pra encerrar o primeiro disco, temos 11 minutos de Cheat On Me com muita viagem, uma levada lenta com uma letra triste, apenas no final se torna mais pesado, quando o vocalista do Metallica se junta outra vez, fazendo ótimos backing vocals.
O segundo disco inicia com a já citada Frustration, e após ela é muito calmo. Little Dog aparenta ser um blues em alguns momentos, com uma base de violinos, vocal e guitarra. E, encerrando o álbum, duas músicas que juntas fecham mais de meia hora de muita viagem. Dragon começa lenta, até a entrada do Metallica, que traz de volta a principal característica do disco. E Juniors Dad, aquela que fez James e Kirk chorarem nas gravações, é realmente linda. Violinos dão um belo inicio pra música, até a entrada de um calmo vocal de Reed, junto com um instrumental leve do Metallica, que lembra bastante suas baladas (principalmente trilogia The Unforgiven). O peso vai aumentando, numa bela jam da banda de metal, até ir baixando e sumir, deixando só os violinos e o belo vocal de Reed, triste e emocionante. Se repete a jam, até sumir e deixar os últimos nove minutos de música apenas para o instrumental de orquestra.
Lulu me surpreendeu, e de maneira bem positiva. Prova que o Lou Reed ainda tem muito a acrescentar pra música e que o Metallica se tornou uma banda muito mais madura, pronta pra encarar novos desafios, indo muito além do metal. Se eles decidirem lançar outro cd juntos, ficarei muito feliz.
Nota: 8,0
Download do disco disponível no post anterior
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